Friday, February 25, 2011

Eu tava tentando resolver um problema de um roteiro que tô escrevendo pensando nas soluções lógicas pra história. Eu pensei num final muito legal, mas não sei por que, quando eu escrevia, não ficava bom.

Li e reli o roteiro várias vezes e percebi que o problema não era a história. Eram os personagens.
Eles não tinham nada de específico.

Eu lembrei de quando lia entrevistas com roteiristas de HQ e eles sempre diziam o quanto sabiam sobre o personagem antes de começar a escrever a história.
Diziam que escreviam o passado, presente e o futuro do personagem, mesmo se não fossem usar. Eu sempre achei que era besteira pra parecer profissional, porque as vezes que eu tentei escrever minhas histórias, a parte mais chata era ficar: "Esse personagem gosta de bananas, adora ir ao shopping, etc."

Mas agora deu pra ver o que eu tava fazendo errado. Eu preciso escrever um personagem que eu gosto. Não dá pra ficar descrevendo friamente que o personagem gosta de bananas. Mas talvez eu posso usar coisas que eu gosto/odeio, baseado em amigos, por exemplo. E criar um personagem interessante.
Quando o personagem fica mais real assim, fica fácil colocar uma história em cima.

E funciona com qualquer personagem.
Ando assistindo Six Feet Under enquanto desenho e pra testar se eu tava certo, imaginei o Nate correndo na rua. E de repente pensei em várias possibilidades. Ele podia receber uma ligação do médico sobre exames que ele fez. Ele podia ser interrompido por um acidente na rua que acaba fazendo ele pensar no trabalho dele.

Quando um personagem tem um contexto, um mundo dele, cheio de problemas e soluções, a história é consequência!

Mas ainda assim, é chato sentar e escrever: coisas que esse personagem gosta. Coisas que ele odeia.
E acabou que pra mim deu certo imaginar uma situação curta e colocar várias pessoas nela e considerar como cada um agiria na situação. O que faz o personagem único são coisas pequenas.

Depois que eu vi isso, foi fácil resolver o melhor final pra história.



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